São 3h da manhã.
Desliguei a internet.
Sentei na janela (coisa que por sinal minha avó brigaria muito comigo, caso visse).
Eu estava prestes a dormir, mas senti um nó muito forte na garganta, algo que parecia me sufocar. Precisei de ar.
Por isso sentei na janela, desculpa vó.
Gostaria também de um chá quentinho, um abraço apertado, um amor tranquilo, uma amizade tipo aquela que o pessoal tem em Friends, é eu sei, to querendo demais, mas fui criada na base do amor, com muita loucura ok, falta de sanidade ok também, teve algumas brigas por ali e por aqui, mas o principal, a base, o centro da minha criação foi o amor. Então eu cresci automaticamente acreditando que todos me dariam esse amor. Só que não é bem assim.
Não é mesmo.
Amor tranquilo, até parece né... Nem me lembro qual foi o primeiro conto de fadas que li pra passar a acreditar nisso, e olha que até nos contos de fada existe uma burocracia enorme pra princesa conseguir ser finalmente feliz com o príncipe, então talvez eu mesma tenha criado isso na minha cabeça, afinal eu sempre fui de criar muitas coisas.
Pensar no amor assim e não ser fielmente correspondida até vai, mas na amizade? Puts, eu sempre me doei tanto as amizades que imaginei fazer por ai, e agora parece que eu comecei a enxergar tudo com outros olhos, parece que nada, ou melhor, ninguém ta por você, como você está por ele/ela. É tão triste.
Um amor não durar a vida toda? Entendo.
Uma amizade não durar a vida toda? Choro.
Mas eu sobrevivo, com essa nova perspectiva que obtive sobre as coisas com o tempo, aprendi a me recompor de tudo o que tira um pedaço de mim, aprendi a lidar com o esse sentimento de sufocamento. Já não choro mais como antes. Ainda choro, mas tudo se amenizou. Mas não acabou, e que bom que não acabou.
Jovem é fogo né?! Tudo é pra ontem, tudo é dolorido, absolutamente TUDO é um passo para o final do mundo, e eu ainda sou um pouco assim, a intensidade não morreu por completa. Queria que a intensidade de ninguém morresse por completa.
As vezes é preciso chorar bastante, se isolar pelo fato de estar se sentindo sozinho - como se isso fizesse algum sentido - sentir muito, mas quando eu digo muito, é muito mesmo!!! Enfim, sentir muito pela falta de alguém, seja de um amigo ou de um amor. Mas a gente cresce e toda a magia do olhar de uma criança morre. A gente crecse e toda a intensidade fumegante de um adolescente morre. Sobra o que?
Me diz você, o que sobrou? Sobrou algo?
Além das responsabilidades, claro.
Além da tensão da rotina, da ironia, do mau humor contante, ou da tentativa de parecer feliz mesmo com todos os problemas rodando sua mente. Além de tudo isso, sobrou alguma coisa da pessoa que você foi no passado? Do seu brilho no olhar?
É muito difícil pensar nisso e perceber que o cotidiano de nossas vidas arranca tantas coisas boas de nós.
Quando somos crianças, queremos ser adolescentes. Quando somos adolescentes, queremos ser adultos. E quando finalmente somos adultos, só queríamos ser criança novamente, porque foi lá que começamos a sentir as coisas, a entender os sentimentos, a sentir de verdade.
Hoje eu vou dormir só, só eu e meus sentimentos. Sim eles dormem comigo, não tenho coragem de colocar eles em uma gaveta e deitar sozinha, faz parte da criação amorosa que tive sabe?! Obrigada mãe, e obrigada pai por isso, e pela forma que me criaram ter feito eu me tornar essa garota tão sentimental (mesmo que nos altos e baixos), que se importa tanto.
As vezes dói, mas isso significa que eu permaneço sentindo, tudo o que deve ser sentido. Me faz bem mesmo quando me faz mal, me faz ser quem sou. Me faz.
Vou fazer um chá quentinho, e fechar a janela, mas nunca o coração.
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