Troquei as fronhas dos travesseiros, e a partir daí, depois que eu decidi mudar, percebi que já não conseguia dormir bem como antes. Acho que era calma o que elas me traziam, até depois que você foi embora, ou uma sensação de que você se mantinha do meu lado, com a cabeça na minha, como se a noite fosse durar uma eternidade, por mais que fosse uma eternidade curta.
Depois de mandar as fronhas pra lavanderia, eu olhava no relógio todo o tempo pra que chegasse a hora de ir buscá-las, para que elas pudessem voltar pra casa, ao meu lado.
Tentando me acostumar com novos ares, me peguei sentindo seu cheiro na multidão, olhei no relógio mais uma vez e vi que era hora do pedido, não perdi tempo, afinal desde o último eu já tinha perdido demais. Era tão nítido o quanto a gente precisava um do outro como era nítido que as fronhas novas não combinavam com o meu quarto, e foi nessa troca curta de tempo e espaço que a gente percebeu que nós, nunca deixamos de existir. Desde então, as fronhas da lavanderia chegaram, e chegaram junto com você, ainda bem, porque não gosto da ideia de ter que usar as novas. Acho que o costume virou rotina.
Quando me perdi não tinha quem procurar então decidi em alguém me apoiar Outra vez me perdi e em meu coração você estava enfim olhei para o lado e só solidão me restava Na próxima vez que eu me perdesse prometi que eu me bastaria e só assim me encontraria Depois disso sempre me encontrei sozinho.
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